
o frio entrou e tocou-me,
tinha sede de calor
queria um corpo para morar.
os seus olhos de vidro eram misteriosos
vinha sem sonhos
do lado de lá do silêncio,
cansado da viagem e sem memórias
perdia o rumo da noite dilatada.
respirava nas sombras,
onde a minha ausência se quebrava
vibráteis as nuvens perderam a rota
e frágil o meu olhar acordou,
na insónia de uma noite imperfeita
o frio queria um corpo,
onde ansiava morrer.
o rugido feriu-me a alma
e o desejo despertou
pernoitou em mim
agarrado aos alicerces do meu sono
desfocado, infindável nas sensações
o frio desaguou em mim!
l.maltez